O Oxford English Dictionary define o conceito de «pós-verdade» como «relativo à maior influência na opinião pública das emoções e das crenças pessoais do que dos factos objectivos». das crenças pessoais do que dos factos objectivos». A res fictae perpetuada para memória futura não assenta nos factos propriamente ditos mas sim na narrativa mítica ficcionada que deles se faz.
O «presentismo», nas suas diversas acepções, caracteriza-se por confundir os planos de abordagem, ao fazer «equivaler a história com o pensamento sobre a história», como realça Adam Schaff em História e Verdade.
Por exemplo, a polémica entre historiadores militares e o ficcionista A. Lobo Antunes sobre as Guerras do Ultramar é um claro exemplo disso. Para Lobo Antunes a «pós-verdade» e a sua projecção «presentista» na sociedade são bem mais importantes que o detalhe real dos factos. Por isso inventar «estórias» emprestando-lhe a inferência de «verdadeiras» não só é razoável como louvável. A ilustrar a atitude, quando questionado por Anthony Bourdain na série televisiva No Reservations, no episódio rodado em Lisboa, «porque é que falava com a mão à frente da boca», o que manifestamente dificultava a compreensão do que dizia, Lobo Antunes respondeu-lhe que «era um tique que lhe ficara do tempo do fascismo em que as pessoas para comunicarem tinham de falar em surdina.
Para Orwell «quem controlava o Presente, controlava o Passado e quem controlava o Passado, controlava o Futuro».«O objectivo implícito desta linha de pensamento é a congeminação de um mundo em que o Chefe, ou a camarilha dominante, controle não só o futuro, mas até mesmo o passado. Se a propósito deste ou daquele evento o Chefe proclama que “nunca aconteceu”… então nunca aconteceu. Se diz que dois mais dois são cinco, assim terá que ser.»