“Os lugares mais obscuros do inferno estão reservados para aqueles que se mantêm neutrais em tempos de crise moral!”
Dante Alighieri
Este é o título do último filme cuja protagonista é a Julia Roberts, que nos presenteia com uma belíssima performance. Restantes actores acompanham com merecimento; argumento bom com uma história bem contada de uma intensidade dramática e suspense, sempre em crescendo, até ao minuto final.
Mas saí chateado.
O fulcro do argumento tem a ver com o tráfico de droga e os efeitos devastadores quer tem na sociedade e nas famílias. Retrata a realidade americana, mas ela é idêntica em qualquer parte do mundo.
Fiquei chateado.
No filme espelha-se com nitidez o “Bem e o Mal”, que coexistem entre nós e, apesar do filme ter um final (pontual) feliz, o “Mal” e os seus executantes e interpretes, não saem castigados.
Saem molestados, é certo, pela crueza e realismo da narrativa, mas apenas indirectamente através da subjectividade de quem vê, e interpreta.
É curto.
Continuo chateado.
Não deixa ainda de ser caricato que Hollywood, que nos presenteia com esta prenda de Natal e ano Novo (o argumento desenvolve-se á volta da quadra) seja, possivelmente, dos maiores antros de consumo de estupefacientes de todo o género, no mundo inteiro. Excepção feita para a “Cracolândia”, de crack, uma zona do centro da cidade de S. Paulo! Um autêntico “faroeste” da droga… Agora em tentativa de recuperação.
E que, ao longo do tempo e acompanhado pelas televisões, tenha contribuído pela acção deletéria como, por norma, tratam o tema, feito com que o tráfico e consumo da maldita droga tenha passado a ser encarada como fazendo parte da “normalidade” do quotidiano!
Excepção para Singapura e agora, para as Filipinas. Abençoados!
A chateação começa a passar a indignação.
O Relativismo Moral e o estúpido do politicamente correcto tem amolecido políticos e população para tratarem os traficantes com panos quentes e os consumidores como doentinhos que precisam de ajuda, ou maltratados ou excluídos da sociedade. Daí à despenalização criminal, logo moral, do consumo, foi um passo.
Mas o que se poderia esperar de uma classe de políticos eleitos que também, muitos deles, tinham sido consumidores?
Assiste-se com dinheiro do Estado (isto é dos nossos impostos), à manutenção do vício e fecha-se os olhos à entrada da “mercadoria” nas prisões…
O ridículo (se não fosse trágico) atingiu paroxismos quando se compara o que se passa no mundo da droga, com as campanhas antitabágicas!
Campanhas esdrúxulas para se passar a vender “drogas leves” no supermercado acentuam-se. É uma festa!
Agora é a liberalização da cultura da cannabis, com a desculpa que tem efeitos medicinais. Mas então porque não se faz o mesmo com os opiáceos, usados para retirar a dor em doentes terminais?
A revolta começa a instalar-se.
Paralelamente, e como pano de fundo, movimentam-se somas enormes de dinheiro ilícito, com as suas lavandarias e offshores; “isolam-se” ou protegem-se “santuários” de produção – dos quais os mais conhecidos são o Afeganistão e a Colômbia – bem como negócios derivados do drama dos viciados, como são as clínicas de desintoxicação, etc.. É claro que esta última actividade é lícita e, porventura, necessária, mas só existe porque o problema passou a existir…
Enfim, todo um negócio próspero, que aparentemente, não preocupa a UE, a ONU, as diferentes igrejas e religiões, a imprensa, os grandes paladinos dos Direitos Humanos, etc.
Ou seja uma prova escabrosa da cobardia, hipocrisia e deserção, colectiva, que envergonha o género humano!
E muitos “bem pensantes” ainda têm a lata, por vezes, de criticar quem usa métodos mais duros contra esta verdadeira peste negra dos tempos modernos.
Pronto, agora estou mesmo danado.
Quem é que me mandou ir ao cinema!?